Desatino (Parte 6 de 7)

Já fazia um mês que ele não a via.


O curso era interessante, e a cidade um tanto agradável, porém Eduardo não se sentia nada tranquilo. Gostava demais da Juliana pra não estar se corroendo, e o repentino sentimento de incompletude que o tomou após ele sair pela porta do Le Vin Bistro crescia mais e mais.
Naquele dia ele saiu sem lutar, impulsionado por um orgulho miserável, pois sentia que era um egoísmo muito grande da Juliana em querer "dar um tempo", após tantas coisas já vividas entre o par.
A frase dita por ela ecoava pela mente, reverberando pelos cantos mais escondidos da alma aos prantos.
Pensara ser inócua a sua postura defensiva. Em verdade, o golpe era mordaz, o arrasava.
Ainda assim, o que o corrói mais é não ter dado meia-volta e entrado novamente naquele restaurante, para só sair de lá se fosse com ela nos braços.
Bom, não aconteceu. Nesse ínterim tornara-se taciturno, apesar do seu velho gênio extrovertido, e logo se viu desolado.
Ele não compreendia as razões dela, mas ela também não tinha razões as quais pudesse compreender. "Por que isso, logo agora, Juliana?", indagava ele, tristonho.
Juliana poderia ser sensata, entretanto era também deveras complexa.
Todavia, a saudade também a invadiu por completo, e isso era fácil de entender. "O Edú tá fazendo falta pra caralho", pensava ela, entre uma taça de vinho e outra.
E ele, não mesmo afetado, verteu um rio de lágrimas e consumiu um rio de bebida, buscando inutilmente aquecer o coração enquanto refletia sobre o quanto sentia falta da Ju. Pensava no quanto queria ouvir uma voz doce e familiar.
E apesar de tanto desamparo de ambos, não se ouvia telefone algum tocar.

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