Longe Demais

Só conheci o verdadeiro significado de distância após ter dividido uma cama com alguém.

A paixão desmedida causa uma dependência que por vezes se torna até um vício, uma espécie de necessidade frequente da presença física de quem a gente ama, de sentir o terno calor humano e o olor das essências naturais do corpo do outro, sendo estas apenas algumas características que nos induzem a construir essa impressão de que há uma grande lacuna quando esse alguém não está por perto.

A título de exemplo, vejam vocês que a certa altura da vida me vi dentro de um relacionamento à distância. Um intervalo físico enorme de fato, da grandeza de milhares de quilômetros, diga-se de passagem.

Assim, aprendi que as despedidas doem muito, até demais. Creio que nunca conhecerei lugares para se angustiar e verter tanto pranto como em saguões de aeroporto ou terminais rodoviários de ônibus, exceto talvez em corredores de hospitais, mas essa é outra história.

Enfim, a saudade já começava antes mesmo de separarmos-nos. A insegurança que se seguia, de não haver um reencontro por exemplo, se instalava de imediato.

Logo a solidão abria a porta da alma sem bater, e ia se acomodando sem sequer pedir licença.

Haja coração para suportar tal lacuna. Mais ainda, caso não se saiba quando ou como estarão juntos novamente.

Apesar disso, para consolar todos estes desânimos, além das convicções de compromisso que costumava alimentar, recorria inclusive aos encantos musicais de pessoas como o grande Péricles, o qual diz que "a distância pode separar dois corpos, mas nunca dois corações unidos em um", amenizando as angústias de não ter próxima, a minha amada...