Suspicácia e Encanto (Parte 2 de 7)

Nosso teatro é novamente, São Paulo.


Hoje é domingo, e ele se vê deitado preguiçosamente no sofá ainda de pijamas, diante da TV no seu apartamento no Jardins. Está passando um episódio de Friends, o qual ele assiste, desatento.
Neste mesmo momento, num apartamento no Brooklin Novo, a essência de torradas amanteigadas e chá de jasmim se faz sentir no ar. Metida dentro dum roupão largo, ela ainda tem no semblante um pouco da maquiagem da noite anterior. Bem, parte do batom está em outros lábios, é claro...
Apesar do relacionamento e da mútua afeição, ambos ainda moravam em apartamentos distintos. Ele, publicitário e extrovertido, e ela, advogada e meticulosa, e os dois bem-sucedidos, porém como diz o ditado, "sorte no jogo..."
Relacionamentos duradouros não eram exatamente um fato corriqueiro em suas vidas. Mas aí, conheceram-se.
Fora numa dessas noites em que os amigos se reúnem para tomar alguma coisa e falar bobagens, e aquele restaurante na Vila Mariana fora cenário de um inesperado, mas não atípico enredo. Um amigo os apresentara, e por obra do acaso, não havia muito em comum entre ele e ela, mas havia algo. Um... magnetismo, quem sabe? Enfim, eis que essa forte atração culminou em longas conversas, seja sobre a infância dele vivida em Dracena, ou sobre a adolescência dela em que passara noites estudando para ser aprovada na Faculdade de Direito da USP, entre outras banalidades.
Passaram a se ver com frequência, e a vida cotidiana proporciona os assuntos para as ocasiões, enquanto os encontros proporcionavam os flertes, mais e mais evidentes.
Das poucas semelhanças entre eles, uma delas era que não haviam experimentado tal profundidade numa relação.
E isso para ele era novo e atraente, no qual mergulharia sem checar a temperatura, porém para ela trazia um certo receio, de quem quer ter certeza que não será outro desperdício.
E é por isso que não moram juntos, e ela não acorda apoiada no peito dele de manhã, e ele não sente perfume dos cabelos ruivos dela, senão nos encontros.
Parece até um affair, só que com pessoas solteiras...
Ah, realmente o que há entre dois é algo simples, mas concomitantemente muito complicado...

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