Harmonia (Parte 4 de 7)

Numa dessas tardes do meio da semana, o telefone dele tocou. O visor mostrava o contato que lhe era bastante familiar a chamar. Ele logo atendeu:

- Alô?
- Oi. Sou eu.
- Un-hum. Tudo bem? O que houve?
- Não sei. Quer dizer, preciso conversar com você.
 
É nessa hora que, como de praxe, aqueles sentimentos ambíguos começam a fervilhar.

- Aconteceu alguma coisa?
- Não, mas acho que é por isso que precisamos conversar...
- Não tô te entendendo.
- Olha só... Eu preciso mesmo falar com sinceridade sobre a gente.
- Sei. Você quer me deixar, é isso?
- Não! Não. É que... O que é que nós temos, Edu?
- Ah, Juliana... Temos a gente, ué? Precisa de mais algo?
- Somos namorados então?
- Se você quiser chamar assim, então somos.
- Ah! Mas você nunca disse que seria meu namorado.
- Não imaginei que precisasse. Quer dizer, eu te amo e sou teu companheiro, enfim, namorado.
- Me ama, mesmo?
- Bom, sabe aquele dia, naquele barzinho na Vila? Pois é, acho que nunca vou deixar de agradecer ao Rafa por ter apresentado a gente. Porque foi uma das melhores coisas que já me aconteceram, e tu é uma mina extraordinária, inteligente e linda. E eu te amo sim, depois de tantas conversas, e tanto tempo juntos, eu sei que te amo.


Claro que ele a amava, era tão óbvio que até os menos afortunados em sabedoria nos assuntos do coração veriam isso. Mas a Ju era receosa demais, e não percebeu quanta vida ganhara após conhecer o Eduardo, pois a ansiedade a deixava cética.

- Mas Edu, a gente se conhece há tão pouco tempo.
- E precisa de mais tempo, Ju? O que tem de errado comigo, então?
- Não tem nada errado com você! Quer dizer... Ai, me desculpa. Eu também te amo, é só que...
- O que é, Ju?
- Tenho medo. Ah, pronto, falei. Tenho medo de não dar certo como antes.
- Mas eu quero fazer dar certo. Mas tu tem que querer também né.
- E eu quero. De verdade. Cê sabe como eu sou.
- Claro, por isso que eu gosto de ti.
Aos poucos os dois se entendiam. E quem sabe, logo logo haveriam de morar os dois no mesmo apartamento, e a única preocupação seria morar no Jardins ou no Brooklin, e se tomariam café ou suco no domingo de manhã, depois do amor matutino.

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